Igreja veta a camisinha
Evento do Dia Mundial de Luta contra a Aids será no Cristo, sem menção a preservativos
Pâmela Oliveira
Rio - O Dia Mundial de Luta contra Aids reunirá soropositivos, autoridades, representantes de diversas religiões e de organizações não-governamentais no Cristo Redentor, dia 1º. No evento, no entanto, não haverá distribuição de preservativos ou menção à prevenção da doença. Militantes afirmam que foi essa a condição da Igreja Católica para liberar o santuário para o encontro, e criticaram o Ministério da Saúde, que ontem divulgou o Boletim Epidemiológico da Aids no Brasil.
“Isso é um absurdo. Como os representantes do Ministério da Saúde aceitam fazer um evento no dia de luta contra a Aids sem falar da importância da prevenção? Sem fazer qualquer menção ao uso de camisinha? É contraditório, inaceitável”, diz o presidente do Fórum Estadual de Ongs e Aids do Rio, Roberto Pereira. “O ministério não deveria aceitar essa imposição da Igreja. Seria melhor escolher outro local para o evento”, completou.
Diretora do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão evita a polêmica. Mas confirma que não ocorrerá distribuição de preservativos ou atividades de prevenção no Cristo Redentor.
“O ato será voltado para a solidariedade às pessoas que vivem com Aids. Será um evento ecumênico. O ministério jamais se furtou em discutir a questão do preservativo, mas há hora e lugar para tudo. Mas isso não quer dizer que não haverá atividades educativas e de prevenção em outros pontos do País”, diz Mariângela, que nega que a Igreja tenha proibido o tema no Cristo.
A Arquidiocese foi procurada pelo DIA, mas ninguém foi encontrado para comentar a polêmica.
MENINAS EM RISCO
Mariângela afirma que o preservativo continua sendo um dos pilares do Programa Nacional contra a doença. E ressalta a importância do evento no santuário. “Será um marco relacionar a imagem do Cristo Redentor à luta contra a Aids”, diz.
Segundo o boletim epidemiológico, um dos aspectos mais preocupantes envolve adolescentes do sexo feminino. Segundo o levantamento, na população geral existem 16 homens com Aids para cada 10 mulheres. Já na faixa de 13 a 19 anos, são seis garotos com Aids para cada dez meninas. “É reflexo do uso de preservativos. Nas relações sexuais eventuais, 80% dos meninos usam preservativo e apenas 40% das meninas exigem a camisinha. É natural ver um garoto com preservativo na carteira. Entre as garotas é raro”, diz. “Se o homem não quiser usar preservativo, na maioria das vezes a mulher aceita”, afirma, acrescentando que o ministério lançará dia 27 campanha nacional.
Diferenças entre regiões do Brasil
Diferenças regionais e o diagnóstico tardio tornam prognóstico dos soropositivos diferentes no País, diz o levantamento. Os maiores índices de sobrevivência estão na região Sudeste. Já os de mortalidade, no Norte.
Em homens acima de 13 anos, houve crescimento em heterossexuais e estabilização entre homossexuais. Outro dado diz que, em 1985, havia 15 casos em homens para um em mulher. Hoje, a proporção é de 1,5 para uma.
Voltei. Meus parabéns à Arquidiocese do Rio, que é a administradora da área e mostrou quem manda lá. O Cristo, apesar de ser para todos, é administrado pela Arquidiocese e ela tem toda a autonomia para decidir o que pode e o que não pode ser feito lá.
Se a cambada fica reclamando de que isso é contraditório e inaceitável, que façam o evento em outro lugar. É uma tremenda falta de educação ir ao terreno dos outros e querer ditar as regras.
Fiquem com Deus e divirtam-se,
Fernando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário